Hoje quero falar um pouco sobre a doutrina da eleição. Um teólogo arminiano afirmou que a doutrina da eleição é coletiva. Sua declaração visa negar que a doutrina da eleição é individual. Todavia, fazer isso com a intenção de negar a eleição individual é uma tolice ou uma desonestidade intelectual.
Não tenho dificuldade de dizer que a eleição incondicional é coletiva, porque Deus escolheu um povo, mas é preciso compreender que o povo eleito é formado por indivíduos, logo, não existe nada mirabolante, teologicamente, numa argumentação forçosa cuja intenção é negar a doutrina da eleição de indivíduos para a salvação.
O povo, o qual é chamado de corpo de Cristo foi escolhido antes da fundação do mundo, mas alcançado individualmente no tempo ou na história humana. É preciso entender também que o povo não é alcançado para se tornar eleito, o povo é eleito, e, por isso é alcançado. Assim como a Escritura afirma que Cristo foi morto antes da fundação do mundo também afirma sobre a eleição, mas a concretização desses fatos históricos acontecem na história.
Portanto, negar que não existe indivíduo eleito para salvação é uma tentativa de sufocar a voz da Escritura. Contudo, a Bíblia está repleta de porções sobre indivíduos eleitos para a salvação em Cristo, como de indivíduos criados e deixados para a perdição. Na verdade, “O SENHOR fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso para o dia da calamidade” (Pv 16. 4).
Vamos refletir um pouco sobre o assunto. Por que algumas pessoas ouvem o evangelho e não creem?
Em primeiro lugar, Jesus disse que elas não creem porque são incapazes de ouvir sua palavra. Por que será? A resposta é simples. Porque tais pessoas têm ouvidos, porém estão mortas. A doutrina da depravação total é fundamental para tal compressão. Diz a Escritura que todos os homens nascem mortos. Eles não têm predileção pelas coisas espirituais (Ef 2. 1, 5; Rm 3. 9-18).
Em segundo lugar, Jesus disse que elas são filhas do diabo. Existem pessoas que não pertencem a Deus, mas ao diabo (Jo 8. 43-47). Muitas pessoas não fazem parte das ovelhas de Cristo. Elas não pertencem àquele grupo por quem Cristo morreu.
Em terceiro lugar, Jesus disse: “vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas” (Jo 10. 26). Aos eleitos, Deus concede a fé salvadora. Os eleitos, o Senhor chama eficazmente. O plano eletivo de Deus é perfeito. “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8. 30). Claro que existem dezenas de textos escriturísticos que ensinam essa verdade, mas penso que estes bastam.
Agora, algo importantíssimo precisa ser dito. Deus tem os seus eleitos. Na ordem da salvação, quando é que o eleito se torna legalmente filho de Deus? O que é preciso acontecer? A Palavra de Deus tem resposta para tais perguntas? Sim! A Bíblia tem resposta.
Perguntamos mais, na ordus salutus, ou ordem da salvação, o que vem primeiro: a fé ou a regeneração? Por que essa pergunta nos ajuda a entender a doutrina da eleição? Vamos deixar a Escritura responder.
Note o que diz a Escritura: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (Jo 1. 12). Observe que o texto é enfático em dizer que o status de ser feito filho de Deus é resultado de todos que receberam e creram no Senhor Jesus.
O complemento da passagem destaca quem são os privilegiados de serem feitos filhos de Deus. São aqueles que nasceram de Deus. Eles são o que são, tem o que tem por conta da ação monergística de Deus. É muito fácil perceber essa verdade bendita, basta continuar a leitura até o versículo 13, o qual diz: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1. 13).
Portanto, os filhos de Deus são aqueles que estavam mortos, mas, que passaram pela experiência do novo nascimento. Eles nasceram do alto, por isso têm o privilégio da filiação divina. Eles nasceram da água e do Espírito, por isso creem na obra e pessoa de Jesus Cristo. E, por isso, eles receberam a Jesus como Senhor e Salvador.
Por certo, o leitor que exercita seu intelecto na leitura da sã doutrina chegará à conclusão inequívoca de que a regeneração, ou o novo nascimento é efetuado antes da fé. A fé resulta da regeneração, não o contrário. Quem recebe ou crê no Filho de Deus, o Senhor e Salvador, Jesus Cristo, o faz porque nasceu de Deus. Não existe cooperação humana nesse processo. Se for assim, e de fato é assim, logo, o alvo dessa ação graciosa são os leitos de Deus. Se você crê, então você é um eleito de Deus, e salvo.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.