Somos uma geração apressada. Não conseguimos esperar porque somos fruto do espírito da época. Vivemos sob a onda do frenesi contemporâneo. Não temos paciência para aguardar coisa alguma.
Somos uma geração que damos mais valor ao ativismo, bem como o ter do que o ser. Muitas vezes as pessoas são avaliadas pelo volume de coisas que fazem.
Além disso, somos uma geração cheia de preocupação. Porém, a nossa preocupação é voltada para as coisas aqui debaixo. Ficamos preocupados com a educação de nossos filhos, com o curso de inglês, com o esporte e com as viagens. Mas, raramente voltamos o nosso olhar para as coisas do alto. Por isso, o divórcio entre o que falamos com o que fazemos.
A bem da verdade, não temos a mesma diligência com a vida espiritual de nossos filhos, nem da nossa casa, nem da nossa família como um todo. O reflexo daquilo que fazemos se priorizamos a nossa santificação, assim como é o nível da nossa maturidade cristã.
Mas, afinal, o que é maturidade cristã? Maturidade cristã é a capacidade de colocar em prática aquilo que sabemos. Temos muito conhecimento doutrinário, mas pouca visibilidade prática da vida espiritual. Não aplicamos o que temos recebido enquanto conhecimento teológico. E isso, ao contrário da maturidade, revela imaturidade. A falta de prática é um sintoma daquilo que somos no dia a dia.
Há, porém, outro problema que antecede a imaturidade, o qual tem relação com a nossa identidade. Sabe por quê? Porque antes de fazer vem o ser. Ninguém tem como fazer aquilo que não faz parte do seu ser. O patriarca Jó é um exemplo maravilhoso de alguém que fazia o que fazia por causa daquilo que era. Sua prática era filha daquilo que ele era.
Vejo o registro da Escritura, que diz: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem integro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1. 1). Mais adiante, as mesmas palavras da introdução, são reprisadas pelo próprio Deus. O Senhor Deus, diz: “Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1. 8).
Note bem que os adjetivos usados mostram o caráter ilibado do patriarca. O que é colocado aqui diz respeito ao seu ser. O autor do livro de Jó frisa sua prática, mas, antes disso, destaca quem era o patriarca. O que praticava vinha em decorrência de quem era.
Algo precisa ser dito, porém, Jó não era um indivíduo perfeito. Ele era um pecador tanto quanto os outros homens. Entretanto, tinha uma moral elevada. Era um homem maduro, piedoso e santo. Era um homem exemplar.
O testemunho dado pela Escritura é maravilhoso. Ficamos impressionados com a materialização da prática de Jó. No entanto, não podemos perder de vista que antes de fazer vem o ser. Vida com Deus conta muito. Vida com Deus precede a prática. O ser é mais importante do que o fazer.
De sorte que não temos como oferecer aquilo que não temos, nem como fazer aquilo para o quê não fomos criados. Jó fazia o que fazia porque tinha vida com Deus. Ele andava com o Senhor. Era um homem santo, por isso tinha uma prática santa. O testemunho dele era algo poderoso na sociedade, mas, sobretudo, diante da vista de sua família. Santificação é assim, antes de fazer precisamos ser.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.