O que atesta que o arrependimento é verdadeiro? Conforme o ensino da Escritura, o verdadeiro arrependimento vem acompanhado pelos frutos, os quais são comportamentos, atitudes, ações e palavras que brotam de uma mente transformada (Lc 3-14). Poderia falar sobre várias características do verdadeiro arrependimento, mas irei direto para a materialidade ou evidência concreta da transformação genuína – o fruto.
Os frutos provam que a mente foi transformada. Portanto, a marca do verdadeiro arrependimento é o fruto. Assim como a fé sem obra é morta (Tg 2. 14, 17), da mesma forma, arrependimento sem fruto é falso.
Todavia, para que o arrependimento seja produzido no coração é preciso pregar. A pregação é o veículo pelo qual o Espírito de Deus transforma a mente do pecador, porque “[…] veio a palavra de Deus a João […]” (Lc 3. 2). E foi assim que o profeta João Batista deu início ao seu ministério de conclamação ao arrependimento.
A pregação do profeta tinha como alvo todas as pessoas de uma região geográfica. Ele pregava para todas as pessoas indistintamente. Todas as classes de pessoas foram alvo de sua pregação. Pregava para a elite do judaísmo, para políticos, para servidores públicos, para homens e mulheres. Ele pregou para os pecadores.
Além disso, o profeta não anunciava a tradição do judaísmo, ele pregava a Palavra de Deus. A mensagem era profética. Tinha teor de alerta, pois chamava o povo ao arrependimento. A mensagem era confrontadora, pois denunciava a hipocrisia daquelas pessoas. A mensagem falava sobre a consequência de uma vida sem Deus, pois falava do juízo (Lc 3. 4-9).
Precisamos entender que a mensagem que leva o indivíduo a conversão e a santificação, não é uma mensagem de paz e amor. O profeta Jonas pregou para os ninivitas. Dizia ele: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (Jn 3. 4). Uma mensagem de paz e amor não acorda uma sociedade imoral, violenta e corrupta.
O profeta pregou como pregou porque era um arauto do Senhor numa sociedade endurecida pela religiosidade e pelo pecado da hipocrisia. Pregou como precursor para preparar o caminho do Messias. O profeta pregou porque almejava ver os frutos como comprovação de uma vida transformada. O profeta sabia que o fruto de arrependimento é resultado da mudança da mente. Por isso, confrontou os seus ouvintes.
A transformação da mente é o aspecto interior do arrependimento. Por isso, entendemos que o fruto do arrependimento tem relação prioritariamente vertical. O apóstolo Paulo diz: “pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1Ts 1. 8, 9). Portanto, o verdadeiro arrependimento é comprovado por mudança de direção.
Além disso, o fruto do arrependimento tem relação concretamente horizontal. Nossa relação distorcida é endireitada como resultado do verdadeiro arrependimento. O arrependimento, que é a mudança da mente e do coração, mostra uma mudança concreta quanto ao nosso equívoco relacional com pessoas e com o dinheiro.
Se você notar com cuidado, constatará que os três exemplos citados pelo profeta, envolvem a relação com pessoas e com dinheiro (Lc 3. 11, 13, 14). Os três conselhos que envolvem o fruto do arrependimento falam: primeiro, da prática da generosidade (Lc 3. 11); segundo, do exercício da honestidade (Lc 3. 12, 13) e terceiro, da aplicação da equidade (Lc 3. 14).
Podemos afirmar, portanto, que o arrependimento apenas conceitual é doutrina platônica. Coisa que fica apenas no campo da ideia não é arrependimento. O fruto do verdadeiro arrependimento precisa ser visto por meio de rupturas que são feitas. O fruto de arrependimento precisa ser concretizado por meio de relação quebrada refeita. Por fim, o novo comportamento é resultante de uma mente transformada, que necessariamente vem acompanhado pelo fruto do arrependimento.
Quando é que sei que um marido ríspido e um pai rude de fato se arrependeu? Quando vejo mudança na sua forma de falar com os seus. A mulher rixosa que resmungava de tudo, após o arrependimento, se torna uma mulher transformada. Agora suas palavras são regadas de amor e temperança. O filho desobediente, após o arrependimento, se torna um filho obediente e honrado. O princípio vale para todos que viviam de modo alheio à vontade de Deus. A propósito, você já se arrependeu do seu pecado?
Porém, algo sublime precisa ser dito aqui, pois não podemos adotar uma motivação equivoca quanto ao arrependimento. A razão por que abandonamos o pecado é aquilo que o Senhor Jesus fez por nós. Porque o Senhor Jesus sofreu por aquilo que praticávamos, então não queremos mais viver na prática do pecado. Não devemos cultivar aquilo que fez nosso Redentor sofrer na cruz do calvário. Por isso, nos arrependemos para andar na presença de Deus em novidade de vida.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.
