Carta de desaforo. Já recebeu uma carta cujo teor era grosseiro ou ameaçador? Talvez já tenha recebido. Nossos filhos, porém, nunca receberam um documento assim. Nossos filhos não sabem nem mesmo o que é uma carta. Embora não saibam o que é uma carta, todavia por certo já receberam mensagens por e-mail, ou por WhatsApp, com um tom atrevido.
Hoje temos recebido mensagens por intermédio do celular. Hoje temos recebido cartas abertas. São mensagens que chegam via nossas redes sociais. São endereçadas para quem quer ler, mas, também até mesmo para quem não quer ler. Muitos leem aquilo que recebemos como afronta. Quando terminamos a leitura de um documento assim, nosso batimento cardíaco fica acelerado. Sabemos que um conteúdo ameaçador perturba o coração.
Como lidar com as informações ameaçadoras contemporâneas? Como lidar com as mensagens desaforadas do nosso tempo? O que devo fazer? Talvez você esteja fazendo a pergunta: “O que faço agora?” Visto que a Palavra de Deus é viva e eficaz, então quero compartilhar a história de um homem que recebeu uma carta com o conteúdo afrontador, o rei Ezequias recebeu uma carta cujo conteúdo era amedrontador. Contudo, sua experiência oferece algumas lições preciosas:
Primeiro, leve o problema a Deus (Is 37. 14). Assim que o rei recebeu a carta, ele a apresentou a Deus. A carta era mais do que desaforada. Ela era ameaçadora. O seu conteúdo impunha terror na população de Jerusalém. Porém, mais do que afrontar o rei de Israel, a carta era uma afronta ao Deus de Israel (Is 37. 23).
A carta endereçada ao rei Ezequias, apresentava um histórico da derrota de outras nações. As divindades não puderam refrear a força do rei da Assíria. Seu conteúdo tinha como objetivo enfraquecer a confiança do povo. Daí, assim que o rei a leu, e tomou ciência do problema, ele tomou uma decisão. O rei trouxe a carta à casa do Senhor. Apresentou a carta ao Senhor Deus. Ele colocou-a perante o seu Senhor.
Talvez você esteja lidando com algo que tem atrofiado sua confiança. O que tem ameaçado você? O que tem amedrontado sua família? Talvez por algum tempo não soubesse o que era, mas agora sabe com precisão do que se trata. Por isso, agora que consegue discernir qual é o seu problema, venha sem demora, entre na presença do Senhor. Coloque diante do Senhor o seu problema. Não adie mais. Mas, talvez a pergunta ainda insista: “o que faço agora?”
Segundo, fale com Deus (Is 37. 15-19). Aquele homem colocou literalmente a carta na presença de Deus. Porém, não ficou restrito ao movimento da ação. Colocar aquilo que mexe conosco diante do Senhor é essencial. Sem dúvida alguma é um passo importante. Porém, algo a mais precisava ser feito. E o rei fez algo a mais: ele orou; ele falou com Deus!
Gosto da ideia de falar com Deus, porque penso que expressa a ideia de proximidade. Há exemplo bíblico que mostra o que destaco aqui. O clamor da mãe cananeia: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoniada” (Mt 15. 22). Aquela mãe falou com Jesus. Ela pediu: “Senhor, liberte minha filha”. O clamor de Bartimeu é outro exemplo. Ele queria ver outra vez. Por isso, gritou: “Jesus, Filho se Davi, tem compaixão de mim” (Lc 10. 47). Os dois exemplos trazem a ideia de proximidade.
Somos recordados que todos os filhos têm uma forma de expressar necessidade para seu pai. Sendo assim, é importante lembrar que a maioria dos filhos se comunicam com os seus pais quando se sentem ameaçados. Isso ocorre com os seres humanos, bem como com uma diversidade de animais. Deus é o nosso Pai. Nosso recurso é a oração. Falar com nosso Pai Celestial é a nossa forma de pedir ajuda.
Jesus, o Filho maior, fez assim no Jardim do Getsêmani. Além disso, outra coisa precisa ficar clara. A oração precisa revelar distinção do Deus verdadeiro entre os deuses falsos. O rei orou. Mas, ao orar mostrou pela oração que o Deus a quem buscava era distinto e totalmente exclusivo. O Deus buscado pela igreja é totalmente outro. Ele é singular em todo o seu Ser, bem como em todas as suas obras. Mas, a pergunta continua ecoando: “o que faço agora?”
Terceiro, espere em Deus (Is 37. 20). Agir e orar são essenciais. Mas também é preciso ter o espírito de espera. A carta foi apresentada e a oração foi dirigida ao Senhor. O rei chegou para o Senhor e disse: “Senhor, veja o que os inimigos fizeram com os outros povos”. “Senhor, veja o que estão dizendo. Nossas forças são nada diante do poder do inimigo. Não temos como resistir”.
Porém, por outro lado, o rei sabe que agora o que resta é esperar no Senhor, como se dissesse: “nossa esperança está posta em ti”, “agora aguardamos no Senhor”. O salmista diz: “A ti, que habitas nos céus, elevo os olhos! Como os olhos dos servos estão fitos nas mãos dos seus senhores, e os olhos da serva, na mão se sua senhora, assim os nossos olhos estão fitos no SENHOR, nosso Deus, até que se compadeça de nós” (Sl 123. 1, 2). Esperar é necessário.
Hoje, diante do cenário atual, o povo de Deus precisa encarar as ameaças: Primeiro, com realismo. Não podemos fechar os olhos para as conspirações existentes no mundo. Não podemos fingir que não exista uma investida do inferno contra a nossa vida e a nossa família. Segundo, com otimismo. O realismo não deve neutralizar a nossa confiança nem a nossa esperança. Esperança é o tônico da nossa confiança.
O servo de Deus é categórico quanto a esperança: “Pois o necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há de frustrar perpetuamente” (Sl 9. 18). Noutro lugar, diz: “E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança” (Sl 39. 7). Por fim, diz a Escritura: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus” (Sl 146. 5). Portanto, após agir, depois de orar, agora é tempo de esperar. Espere no Senhor, pois dele vem a nossa salvação.
O rei Ezequias estava mesmo encurralado, mas depois de tudo que foi feito experimentou a intervenção do Senhor. Deus agiu. Agora, a ação do Senhor tem como marca o falar. Antes de alterar aquela situação, o Senhor Deus falou ao rei pelo profeta, o Deus vivo fala, o Deus verdadeiro agiu, Deus poderoso interveio abatendo os inimigos de seu povo. Fica claro que Deus atua na história. Portanto, não há por quese desesperar.
E você ainda pergunta: “o que faço agora?” Primeiro, leve tudo a Deus. Apresente ao Senhor aquilo que tem causado aflição em seu coração, segundo, fale com Deus. Hoje temos um mediador pelo qual podemos nos achegar ao Senhor Deus pela oração, seu nome é Jesus. Terceiro, espere em Deus. Não coloque sua esperança na mão do homem. Espere naquele que tudo sabe e tudo pode, porque “agindo Deus quem o impedirá?” (Is 43. 13). Você não pergunta mais: “o que faço agora?”. Agora você afirma: “sei o que fazer!”. Então faça o que é preciso fazer, em nome de Jesus!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.