As bem-aventuranças enfatizam oito características principais da conduta e do caráter cristão em relação a Deus e aos homens. Não devemos achar que cada virtude está relacionada a um grupo específico de crente. De jeito nenhum. O bem-aventurado possui todas essas características. Elas vêm no pacote da graça dado por Cristo no novo nascimento.
A humildade é a primeira bem-aventurança, e isso tem um propósito. As demais virtudes são consequências dessa. Como disse Martin Lloyd Jones: “essa é a característica fundamental do crente.”
Algumas versões trazem a expressão “pobres” no lugar de “humildes”, por isso devemos ter cuidado para não acharmos que a pobreza é sinônimo de espiritualidade. O homem natural, seja rico ou pobre, está longe do Reino de Deus e carece do evangelho. Deus sempre foi o refúgio para os necessitados, independente do tipo de necessidade. Por isso, a expressão pobre passou a ser usada também para questões espirituais, a humilde dependência de Deus. João Calvino se expressa sobre essa dependência de Deus da seguinte maneira: “Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”.
Nessa bem-aventurança aprendemos que Deus joga por terra toda e qualquer expectativa humana de alcançar o Reino de Deus pela força ou influência. O Reino de Deus é concedido aquele que, espiritualmente, sabe que é pobre, frágil, e não ao que acha ser rico, poderoso. Mesmo assim, a humildade de espírito está sendo desprezada pela igreja. Somos, muitas vezes, levados pela aparência ou por aquilo que nos agrada e não atentamos para a humildade.
Ser humilde de espírito não é se fazer de vítima. Na verdade, muitos que assim se apresentam escondem dentro de si um orgulho enorme. Stuart Scott disse: “o que podemos dizer a respeito daqueles que estão envolvidos em auto piedade, absorvidos em si mesmos, com um senso de fracasso? Isso também é orgulho”. O humilde de espírito é alguém que, SINCERAMENTE, reconhece suas limitações. Entretanto, essa humildade só é possível com o auxílio do Senhor. Sem ele, nos escondemos atrás da nossa força ou fraqueza e escancaramos nosso orgulho.
Por isso, nosso exemplo maior e perfeito de humildade é Jesus. Aquele que é manso e humilde de coração. Aquele que não julgou com usurpação o ser igual a Deus. Aquele que sendo Deus, nada fez sem o consentimento do Pai.
Com Cristo aprendemos que o humilde de espírito não se gloria nas suas habilidades naturais, personalidade, dinheiro, família que nasceu. Isso porque a humildade de espírito não é produzida por nós mesmos, mas pela Palavra de Cristo. Olhando bem para nossas atitudes e pensamentos, somos mesmos humildes de espírito? O que pensamos sobre nós mesmos?
Martin Lloyd Jones disse: “Como é que alguém se torna humilde de espírito?… A única maneira de alguém tornar-se humilde de espírito é voltando os olhos para Deus.” Que o Senhor nos abençoe, quebrante-nos e nos faça humildes.
Por: Rev. Robson Luiz Silva dos Reis
