É sabido que existe na sociedade contemporânea uma cultura anti-Deus. Há, agora mesmo, o espírito do deus do século que “[…] se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto […]” a Deus (2Ts 2. 4). O espírito do anticristo já tem atuado. Portanto, existe um espírito anticristão em franca operação no mundo.
Bem, diante disso, o cristão precisa conhecer o inimigo. O cristão precisa entender como atua o movimento opositor e contrário, hostil e ímpio, pois, somente assim será capaz de resistir à pressão cultural. Perguntamos aqui: Como que a cultura pressiona o povo de Deus? Contra o que precisamos resistir?
Em primeiro lugar, o cristão precisa resistir à pressão que vem por força da lei. Os amigos do profeta Daniel, assim como toda população babilônica, foram ordenados por meio de decreto a adorar uma imagem de escultura (Dn 3. 1, 4, 5, 10-12). Note, portanto, que a pressão aconteceu por força de um decreto real.
Porém, aqueles servos de Deus sabiam que apenas o Deus Vivo deve ser adorado. Mais nada nem ninguém deve receber a devoção daqueles que pertencem ao Senhor Deus.
Todavia, a não rendição perante o ídolo, mexeu com a vaidade do rei. O relato bíblico diz que o rei ficou transtornado quando soube que aqueles três homens não haviam se prostrado perante a imagem.
O cristão precisa resistir os decretos que contrariam o mandamento divino, mas precisa saber igualmente que não se submeter a força de decretos humanos que contrariem a palavra de Deus, por certo, vai mexer com a vaidade daqueles que são detentores de poder, então a fúria imediatamente irá florescer.
Em segundo lugar, o cristão precisa resistir à pressão que vem por força do movimento popular. Todas as pessoas foram ordenadas a se curvar diante da imagem. Com isso, a pressão acontece não apenas por causa do decreto, mas porque todos fazem o que ordena e obriga a lei (Dn 3. 2-7). A pressão era grande. Todavia, os servos de Deus na sociedade babilônica não cederam nem à pressão do decreto nem à pressão popular (Dn 3. 4, 12, 16, 17).
A coisa funciona assim, se todos fazem, logo as pessoas concluem que todos devem fazer também, porque é o “certo a se fazer”. No entanto, o cristão precisa resistir à pressão da massa, mas precisa entender que resistência à pressão da idolatria institucional não é uma questão de força nem de musculatura. Resistir à pressão da idolatria cultural é uma questão de convicção de quem é o Senhor a quem servimos.
Por favor, não me interprete erroneamente, mas será que o protocolo de lockdown, por ocasião da covid 19, tenha servido de teste nossa fé? O que somos capazes de fazer? Será que estamos preparados para as grandes promoções da vida? Se depois de ocupar determinados postos, será que teremos coragem para dizer não à idolatria institucionalizada que exige a quebra do mandamento?
Vemos nitidamente que a decisão daqueles servos do Senhor não foi tomada porque Deus os livraria. A fidelidade foi mantida não por causa do possível livramento, mas a despeito dele. A decisão daqueles servos foi tomada por conta da fé que tinham em Deus.
Mas, afinal, que tipo de fé aqueles homens tinham? Uma fé que não visava o lucro. Atualmente, a coisa funciona com base na retribuição. A pergunta feita é a seguinte: O que posso lucrar com aquilo que faço? Que recompensa receberia?
Hoje vivemos numa sociedade religiosa que revela um tipo de fé que prima pela retribuição, se faço, então Deus é obrigado também a fazer algo por mim. Todavia, a fé que habilita o cristão a resistir à pressão não propõe barganha com Deus. A pressão é grande, mas a convicção e a devoção ao Senhor são maiores (Dn 3. 13-18).
A fé daqueles homens foi colocada à prova. O teste da fé chegou. Porém, a resposta da fé foi dada da seguinte forma: “Deus tem poder para nos livrar. Todavia, Deus é livre para escolher não livrar”. Porém, algo maravilhoso aconteceu, o Senhor não impediu que seus servos fossem jogados na fornalha de fogo e ficassem sozinhos, porque o Senhor esteve com os seus servos dentro da fornalha de fogo (Dn 3. 24, 25). Vemos que o Senhor não desamparou os seus.
Quem são as pessoas que resistem à pressão da idolatria sistêmica? Primeiro, são pessoas cuja postura não é uma postura de um momento, mas uma postura de um estilo de vida (Dn 3. 12, 18). Não teremos como resistir se não houver um cultivo de uma devoção constante ao Senhor da história.
Segundo, são pessoas que estão dispostas a morrer, se preciso for, por causa da adoração ao Deus único. Pessoas assim têm convicção ampla, pois estão prontas para dizer: “[…] se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14. 8).
Não é fácil, mas pessoas que resistem à pressão sistêmica da idolatria pública faz, também, com que o testemunho público atinja patamares mais amplos, a mensagem chega mais longe (Dn 3. 26, 28, 29). Portanto, que o Senhor Deus nos ajude a resistir às leis contrárias à vontade de Deus, assim como à pressão popular, em nome do Senhor Jesus.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF