O que define se um determinado mensageiro é um verdadeiro pregador do evangelho é a mensagem Bíblica. O pregador do evangelho é conhecido por aquilo que prega. Logo, a fonte da pregação define o pregador. Da mesma forma, a mensagem pregada também é definida pela Bíblia, não pelo achismo nem pelo sentimentalismo. De forma que é assim que reconhecemos se o mensageiro é um pregador que anuncia o evangelho.
Sendo assim, a doutrina do arrependimento não pode faltar na pregação daquele que se intitula ministro do evangelho do Senhor Jesus. Por quê? Porque o evangelho, o qual é a boa nova, exige que o pecador creia e se arrependa de seus pecados para receber o perdão de Deus. O evangelho pregado precisa conter as reivindicações do evangelho, que são: arrependimento e fé.
Em nossa reflexão vamos mostrar o que precisamos saber sobre o arrependimento. Vamos trabalhar três premissas teológicas, a saber:
Em primeiro lugar, o arrependimento é um dever humano. Olhe bem o que ensina a Escritura: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos […]” (At 2. 38). Mais adiante, Paulo enfatiza a mesma verdade, dizendo: “[…] agora, porém, notifica aos homens que todos, em todo lugar, se arrependam” (At 17. 30).
Portanto, a palavra de Deus ensina que a doutrina do arrependimento é um dever, uma obrigação, uma responsabilidade humana, sem o qual o pecador não pode receber o perdão de Deus (At 2. 38; 17. 30; Mc 1. 14, 15). É sua responsabilidade se arrepender do seu pecado.
Foi por isso que os teólogos disseram: “Ainda que não devemos confiar no arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado, ou em qualquer sentido a causa do perdão dele, o que é ato da livre graça de Deus em Cristo, contudo ele é de tal modo necessário aos pecadores, que sem ele ninguém poderá esperar o perdão” (CFW – Ref: Tt 3. 5; At 5. 31; Rm 3. 24; Ef 1. 7; Lc 13. 3; At 17. 30). Mas, ainda prosseguimos mostrando a mesma tese sobre o que precisamos saber sobre o arrependimento.
Em segundo lugar, o arrependimento promete um resultado glorioso. Antes, porém, veja o que diz a Escritura sobre alguém que se encontra no estado de rebelião contra o Senhor: “Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (Rm 2. 5). Assim é a situação daquele que ainda não se arrependeu. Sua dureza tem feito com que aconteça um acúmulo para o dia do justo castigo.
Pense naquilo que faz parte do nosso conhecimento. Você recebeu um cartão de crédito. Porém, devido ao uso irresponsável, o limite do cartão de crédito estourou. A dívida cresceu. A coisa fugiu do seu controle. Você não tem como saldar a dívida. Entretanto, alguém grande, rico e poderoso toma conhecimento da sua situação. Ele é uma pessoa cheia de grana. Por isso, tomou a decisão graciosa em quitar sua dívida. Você não consegue acreditar como aquela pessoa foi capaz. Mas é um fato, você não deve mais nada. O que tem que fazer é confiar.
Aqui está o ponto. Você tem que crer naquilo que Deus fez por meio de seu Filho. Por isso, Pedro diz em sua pregação que é preciso se arrepender. A mensagem proferida pelo apóstolo é gloriosa. Ele diz: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3. 19). O que vemos aqui é simplesmente maravilhoso!
Precisamos abraçar e assimilar o equilíbrio da verdade teológica que diz: “Como não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente” (CFW). Portanto, todo aquele que se arrependeu de seus pecados está plenamente perdoado (At 3. 19). Assim como o ladrão crucificado, bem como o perseguidor da igreja, Saulo, os nossos pecados também estão plenamente perdoados. Ainda queremos aprender mais sobre o que precisamos saber sobre o arrependimento.
Em terceiro lugar, o arrependimento é uma graça divina (At 11. 18; Rm 2. 4). O cristão precisa ter consciência que o arrependimento faz parte da responsabilidade do homem e que vem acompanhado de um resultado glorioso, como já demonstrado anteriormente. Aquele que se arrepende pode ter a certeza de que sua dívida foi cancelada definitivamente.
Todavia, além disso, na reflexão de hoje vamos ver que a doutrina bíblica do arrependimento é uma graça divina concedida ao pecador, sem a qual não pode se arrepender de seus pecados (At 11. 18; Rm 2. 4). Paulo, antes de falar do perigo de acumular ira para o dia da ira de Deus, ele ensina algo maravilhoso.
O apóstolo pergunta: “Ou despreza a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2. 4). O Deus que regenera, que concede a fé salvadora, também é o mesmo que concede a bondade que conduz o pecador ao arrependimento.
Foi assim que os teólogos que confeccionaram a Confissão de Fé de Westminster entenderam. Eles afirmaram que: “O arrependimento para a vida é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser pregada por todo ministro do Evangelho, tanto quanto a fé em Cristo” (CFW). Que compreensão maravilhosa!
Por fim, dizemos que os teólogos chegaram à conclusão sobre o que diz a Escritura: “Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida”. Assim sendo, afirmamos que o arrependimento é uma graça divina, sem a qual ninguém receberá o perdão de Deus. Louvado seja Deus pela dádiva preciosa do arrependimento!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.