A história de Ana, encontrada no primeiro livro de Samuel, é magnifica. O autor introduz a história com cores vivas. Assim que inicia a narrativa, fica evidente que o retrato apresentado tem como objetivo mostrar o drama vivido por Ana, mulher de Elcana.
Todavia, o modo como se desenrola a história, tem como propósito também nos preparar para mostrar a guinada que Deus fará na história de Ana. No desejo de Ana revelado aprendemos três coisas:
Primeiro, o seu desejo é revelado pelo seu abatimento (1Sm 1. 2, 7, 10). Todo ano, Ana passava por um definhamento físico. Cada vez que Penina a irritava, sua face ficava esculpida pelo abatimento. Como diz a Escritura: “A esperança adiada faz o coração ficar doente, mas o sonho realizado é árvore de vida” (Pv 13. 12). O adiamento do seu legítimo desejo de ter filho fazia com que sua vida se definhasse.
Falar de filho não era nada fácil para Ana. Era o seu maior desejo. Toda vez que o assunto vinha à baila, o seu apetite batia em retirada. Algo apertava o seu peito e o seu estômago recusava o alimento. Com isso, o desejo ficava estampado pelo desalento físico.
Talvez você esteja vivendo algo parecido a experiência de Ana. Quem sabe o seu físico tem definhado, seu rosto tem revelado tristeza porque o seu desejo ainda não tem se concretizado.
Segundo, o seu desejo é revelado pelo choro (1Sm 1. 7, 10). Não é incomum as crianças chorarem quando querem algo. Ana queria muito ser mãe. Por isso, o choro na vida de Ana havia se tornado algo constante. O choro também havia se tornado uma forma de tornar visível o seu desejo.
Por certo, aquela mulher havia chorado não apenas momentaneamente, mas por um longo período. As lágrimas visitavam sua face com regularidade. Tanto no recôndito da casa quanto em público, Ana mostrava o seu almejo pelo choro.
Pelo que você tem chorado? Quem sabe o desejo de ser mãe tem feito com que as lágrimas rolem em sua face? Talvez o seu choro esteja acontecendo pelo desejo de experimentar a cura, ou ainda a promoção no emprego, ou aprovação no concurso. Certo é que Deus tem visto as suas lágrimas.
Terceiro, o seu desejo é revelado pela oração (1Sm 1. 10-13, 16). Aqui entra o elemento mais importante para verbalizar algo que já é conhecido pelo Senhor, a oração. O conhecimento da história foi impulsionador para Ana orar. Ana conhecia a história de Deus com as matriarcas: Sara, Rebeca e Raquel. Sabia que Deus interveio quando fizera com que aquelas mulheres se tornassem alegres mães. Por isso, ela orou.
Qual a importância de conhecer a história? Qual a importância de conhecer aquilo que Deus fez no passado? É importante porque o conhecimento da história pode ser um estímulo para a vida de oração. O salmista ora por restauração porque conhecia o agir de Deus na restauração do povo no passado (Sl 126. 1-4).
Ana sabia que o Senhor podia fazer algo extraordinário para alterar sua história. Por isso, ora com lágrimas. Ela já havia orado, com toda certeza, mas, agora ora com instância. Foi uma oração diferente. Diferente de outras oportunidades, agora sua oração foi prolongada. Além disso, agora sua oração tem um tom específico. Talvez até aquele momento, Ana não havia orado daquela forma.
Agora, uma coisa é certa. Ela conhecia o Senhor (1Sm 1. 10, 11, 12). Orar é fundamental para revelar o desejo do coração, assim como para experimentar o sobrenatural de Deus. Todavia, tão importante quanto orar é saber a quem se ora. Ana “orou ao SENHOR” (1Sm 1. 10). Sua súplica foi endereçada ao “SENHOR dos Exércitos” (1Sm 1. 11). Ela conhecia o poder do seu Senhor e Deus.
Após derramar o seu coração diante do Senhor por meio da oração, depois de receber a palavra de bênção do líder, Ana tem o coração alterado (1Sm 1. 15, 16, 18). Logo após a oração, a Escritura diz: “Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste” (1Sm 1. 18). Depois da oração o abatimento foi embora, o choro foi estancado e o semblante mudado. Como diz a Escritura: “O coração contente alegra o rosto, mas o coração triste abate o espírito” (Pv 15. 13). Oração a Deus é a mais eficaz terapia para o abatido.
Portanto, não deixe de fazer o que você pode fazer e peça a Deus para fazer o que você não pode fazer. Que o seu desejo que se revela pelo abatimento e pelo choro, sobretudo, seja revelado pela oração. Que pela oração o seu desejo seja conhecido pelo Senhor. Que o Senhor Deus te abençoe, em o nome do Senhor Jesus!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII -DF.
