Por certo, você sabe que no passado o conteúdo da fé foi chamado de credo, que significa “creio eu” ou “eu creio”. Por isso, todo cristão autêntico precisa agregar a sua convicção doutrinária a expressão: “Eu creio”. Porém, ao mesmo tempo que é algo individual, também precisa ser uma convicção comunitária: “Nós cremos”. Por que isso é necessário? Porque a identidade da igreja tem relação estreita com a sua crença. Ela é chamada de igreja cristã por causa das verdades basilares do cristianismo. Portanto, faz parte da experiência da cristandade confessar o conteúdo da sua fé. A nossa reflexão na forma de um credo, embora existam muitas outras verdades, vai considerar três premissas teológicas: a encarnação, a crucificação e a ressurreição.
Primeiro, cremos na encarnação. A Palavra de Deus é categórica em afirmar: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1. 14). Sim, nós cremos que Jesus Cristo, o Verbo de Deus, Deus de Deus, Luz de Luz e Vida de Vida se fez carne. Sim, nós cremos que: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4. 4). Sim, nós cremos que o Filho de Deus teve que vir aqui, adentrar em nossa história, em nosso tempo e em nosso espaço. Sim, nós cremos que Ele se fez homem. Sim, na linguagem paulina, nós cremos que Ele se “[…] esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2. 7). Veja que antes da cruz teve a encarnação, pois era preciso que o Filho de Deus se identificasse conosco, daí o porquê o ser gestado no ventre da virgem, foi o cumprimento da promessa e da profecia, portanto, foi necessário que o Filho de Deus se fizesse homem. Por isso, não negamos, pelo contrário, afirmamos a plenos pulmões: sim, nós cremos na encarnação.
Segundo, cremos na crucificação. O texto santo diz que: “[…] ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico, onde o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio” (Jo 19. 17, 18). O pregador inglês, Martyn Lloyd-Jones, perguntou: “Por que Cristo morreu?”. Temos aqui uma pergunta que nos remete à verdade axial da fé cristã: a cruz. Por que a cruz? Porque a cruz de Cristo é o cerne da fé cristã. A cruz de Cristo é o coração do evangelho. Sem cruz não há boa notícia. Sim, por isso, nós cremos na crucificação. A crucificação é uma verdade prometida: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1Co 15. 3). O cristão precisa entender, de uma vez por todas, que sem a cruz de Cristo não há salvação, porque a cruz foi o instrumento pelo qual nossos pecados foram removidos. Assim diz a Escritura: “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1Pe 2. 24). Jesus foi crucificado para que a nossa redenção fosse efetivada. Ele teve que ficar suspenso entre a terra e o céu. Embora a encarnação do Verbo seja o início da humilhação, porém, a sua morte foi o ponto alto da humilhação. Ele teve que entrar em nossa história, teve que pisar aqui na terra para sofrer as nossas dores e enfrentar o castigo que nos traz a paz. Sim, nós cremos na crucificação.
Terceiro, cremos na ressurreição. A gloriosa notícia da ressurreição começa assim: na madrugada de domingo de páscoa, algumas mulheres levantaram muito cedo, não para prepararem a primeira refeição do dia, o café da manhã, porém para irem ao sepulcro, onde o corpo do Salvador tinha sido sepultado. No caminho, as mulheres perguntavam umas para as outras: “Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?” (Mc 16.3). A pedra era muito grande, por isso fizeram a pergunta. Entretanto, para o espanto delas a pedra já tinha sido removida. O domingo de páscoa também foi marcado pela insígnia da surpresa, pois as mulheres perceberam que a pedra não estava mais no túmulo. Com isso, imediatamente, correram para contar aos discípulos sobre o sumiço do corpo de Jesus. Elas disseram: “Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram” (Jo 20.2). A princípio, a pergunta fora feita pelas mulheres, agora, porém, será feita pelos anjos de Deus: “Por que buscais entre os mortos ao que vive?” (Lc 24.5). Eles perguntam, mas, logo a seguir, respondem: “Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24.6). A notícia é estupenda. Sim, nós cremos na ressurreição. O túmulo está vazio. Jesus ressuscitou. Ele está vivo. Sim, nós cremos na ressurreição.
Sim, nós cremos que para que o povo de Deus fosse salvo, a encarnação foi o primeiro degrau da humilhação do Filho de Deus. Sim, nós cremos que Ele se sujeitou para efetivar a nossa salvação. A humilhação, porém, culmina com a cruz, com a crucificação, com a manifestação da ira de Deus sobre a vida de Jesus. Sim, nós cremos na crucificação como sendo o meio escolhido por Deus para promover a nossa reconciliação. Sim, nós cremos também na ressurreição. Pois sem a ressurreição não há salvação. Assim como foi necessário que acontecesse a encarnação, a crucificação, também foi necessário que Cristo ressurgisse dentre os mortos. A morte foi vencida. Sim, nós cremos, e, porque cremos pregamos o evangelho. Aleluia!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano