“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” Mt 5.7.
Enquanto as bem-aventuranças anteriores estão ligadas ao nosso relacionamento com Deus, na formação do caráter, a bem-aventurança de agora mostra como deve ser nossa atitude com o próximo. É a parte prática daquilo que já vimos até aqui.
Ela não vem de modo aleatório após os famintos e sedentos por justiça, pelo contrário, é justamente os famintos e sedentos por justiça que exercem misericórdia. Porém, é triste ver como as pessoas estão, cada vez mais, individualistas e cruéis.
As bem-aventuranças têm o seu foco no que o crente deve ser. O Senhor Jesus, ao apresentá-las mexe no caráter do ser humano, sobretudo, daquele que professa crer em Jesus, porque as nossas ações devem ser reflexos do que somos. Como disse D. M. Lloyd Jones: “…precisamos ser crentes, antes de podermos agir como crentes”. Ou também como disse o apóstolo Paulo aos Gálatas: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” Gl 2.20. Vivemos em Cristo e por Cristo.
A misericórdia é o ato de sentir a miséria do outro de forma a se compadecer. É, não somente o desejo, mas a ação de conceder alívio, cura e ajuda àqueles que necessitam. Muitas vezes enxergamos a misericórdia como sentimento, mas a misericórdia exige ação.
Ser misericordioso não é ser compassivo com o pecado e a injustiça. É necessário que confrontemos o pecado, mesmo sabendo que não estamos isentos de cometê-lo. Também não é ajudar imprudentemente as pessoas. Existem pessoas que foram da misericórdia ao ceticismo quando descobriram que foram manipuladas. É necessário prudência para ajudarmos as pessoas da maneira correta, para que o ajudado não padeça de uma dependência emocional e, para que os ajudadores não caiam nas armadilhas do coração maligno.
Todavia, não podemos esquecer que a misericórdia só pode ser exercida após nos arrependermos dos nossos pecados e receber a misericórdia de Deus. A partir do momento que somos regenerados temos condições em Cristo de tratar com misericórdia aqueles que nos ofendem, liberando perdão.
Outro fato interessante para observar, sobre o texto base, é que Jesus não especifica quem deve ser o alvo da nossa misericórdia. Geralmente, pensamos nas pessoas marginalizadas, com fome, feridas, desesperadas. Mas entendemos que a maior necessidade do homem é Cristo. Independente de grau de instrução, ou condição financeira, ou qualquer outra coisa, existem pessoas, desesperadas, machucadas, precisando da misericórdia.
O Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de misericórdia. Ele curou pessoas, deu atenção a elas, se compadeceu das suas lutas. Mas, sobretudo, ele olhou para a miséria que nós estávamos, se alimentando do lixo do pecado, sofrendo com a cegueira, surdez e paralisia do pecado e, impelido pela sua misericórdia, agiu em nosso favor.
Aquele que exerce misericórdia é feliz, porque sabe que o Deus de toda misericórdia está com seus ouvidos atentos e suas mãos estendidas para o acudir. Aquele que perdoa é feliz, porque tem certeza do perdão de Deus sobre sua vida e não permite que o seu coração seja amargurado e doente.
Você é misericordioso? Você estende sua mão ao necessitado? Você se importa com as pessoas quanto ao seu destino eterno?
Que o Deus de toda misericórdia nos faça cada vez mais parecidos com Cristo, nos tornando misericordiosos, pois quem procede assim é feliz e recebe também misericórdia.
Por: Rev. Robson Luiz Silva dos Reis