O ódio pode ser gerado por diversas situações. São vários os fatores que podem gerar esse sentimento devastador. Ele pode ser gestado pela injustiça, por uma ofensa verbal ou física, além de outras situações. Veja um exemplo a seguir: “Porém, Absalão não falou com Amnon nem mal nem bem; porque odiava a Amnon, por ter este forçado a Tamar, sua irmã” (2Sm 22). Nosso objetivo aqui é falar da danosidade do sentimento chamado ódio. Todavia, não podemos nem devemos minimizar o acontecido. Foi gravíssimo o que Amnon praticou contra a princesa Tamar (2Sm 13. 1-21). Ela foi violentada sexualmente. E, como Amnon não foi punido, então Absalão ficou com o coração dominado pelo ódio. Vamos olhar aqui duas coisas que fazem parte da orquestração do ódio:
Primeiro, o ódio produz a indiferença. A Escritura diz: “Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem”. O ódio bloqueia o canal da comunicação. Vemos aqui um comportamento gélido. A frieza é uma das formas mais vil de vingança. Absalão não falou nada, não porque não tinha cousa alguma para ser dita para Amnom, mas porque escolheu vetar a via do diálogo. Negar uma pessoa a comunicação, veículo tão importante e necessário para a relação interpessoal, é uma maneira de apunhalar o próximo. Existem circunstâncias que a prudência ensina que a melhor coisa é o silêncio. Contudo, certas situações exigem diálogos. Mesmo que as palavras sejam duras, mas em algumas circunstâncias é melhor do que o silêncio.
O que constatamos aqui é que depois da violência praticada por Amnom, contra sua irmã Tamar, Absalão passou a tratá-lo com indiferença. Quantas vezes agimos da mesma forma que Absalão. Não declaramos guerra, mas, no fundo, nosso silêncio é pior do que uma fala dura. Precisamos cuidar dos nossos sentimentos. Às vezes é impossível controlar os nossos sentimentos nalgumas circunstâncias, mas é possível decidir o que fazer com eles depois.
Segundo, o ódio alimenta a vingança. “Passados dois anos”, afirma a Escritura. Por dois anos o ódio nutriu a vingança de Absalão. A orquestração do ódio daria cabo ao seu plano de vingança (2Sm 23-29). Existe um tempo durante o qual a vingança foi gestada. A mãe do ódio é a mágoa, a qual alimenta o desejo de vingança. Uma vez concebida e alimentada, ela pode ser parida a qualquer momento. O certo é que num momento ou noutro, ele eclodirá como um vulcão adormecido.
Lembre-se que o coração humano nunca está totalmente vazio. Um coração vazio de amor tornar-se-á irremediavelmente um recipiente propício para o ódio. Além disso, o ódio ofusca os olhos da razão. Um coração rancoroso não consegue discernir, vingança de justiça. Para ele, ambas são a mesma coisa. Entretanto, não são. Absalão abrigará o veneno da mágoa em seu coração. Ele está prestes a destilar o seu veneno, porque tem alimentado a sua sede por vingança. Como uma serpente, Absalão vai inocular seu veneno que ficará escondido por dois anos em seu coração.
Agora é tempo de interromper a orquestração do ódio. A Escritura admoesta-nos nos seguintes termos: “Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1Jo 4. 20, 21). E mais, ela diz: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isso, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3. 13, 14).
Concluímos dizendo que: Só existe um antídoto eficiente contra esse sentimento perverso. O ódio só é vencido pelo amor. Só o amor é capaz de subjugar esse sentimento maligno e maléfico. Quando o amor fecunda o coração, o embrião indesejável do ódio é expelido. O amor não deixa espaço para a odiosidade. Sua remoção é feita pela operação da graça. O bisturi da graça é o único instrumento capaz de retirar esse tumor maligno, o câncer do ódio. Somente o amor pode vencê-lo. A única terapia que tem poder para curar um coração dominado pelo ódio chama-se amor. Sem amor e perdão a cura desse mal é impossível. Portanto, em vez de odiar, decida amar. Em vez de se vingar, resolva perdoar. Faça isso agora mesmo! Não adie mais!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano
Igreja Presbiteriana do Guará II