Durante uma palestra num retiro espiritual, enquanto o palestrante discursava, uma pessoa deixou escapar: “Eu sou humilde”. Você também se acha uma pessoa humilde? A doutrina da humildade é amplamente ensinada no AT, também é referendada abundantemente no NT. O livro de sabedoria a coloca como uma verdade que distingue o sábio do tolo, daquele que teme a Deus daquele que vive impiedosamente. Assim está escrito: “O temor do SENHOR é a instrução da sabedoria e a humildade precede a honra” (Pv 15. 33). E mais: “Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18. 12). Noutro lugar enfatiza: “O galardão da humildade e o temor do SENHOR são riquezas, e honra, e vida” (Pv 22. 4).
No NT, o ensino sobre a humildade aparece igualmente como uma marca do verdadeiro cristão. É justo pensar assim, porque o orgulho não combina com alguém que foi alcançado e transformado pela graça de Deus. Somos instados a andar “com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4. 2). O primeiro degrau pelo qual devemos iniciar o andar numa relação interpessoal é a humildade. Numa igreja aonde estava tendo o revanchismo, Paulo admoesta, dizendo: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2. 3). Pergunta, você faz o que faz por qual motivação?
A doutrina da humildade é contra cultural. Os gregos não viam a humildade como uma qualidade a ser buscada, pois, ela denotava degradação pessoal ou declínio. Era tida, na visão grega, como sinônimo de fraqueza, não de virtude a ser desejada. Já vimos, porém, que a Escritura tem uma ênfase bem diferente da concepção grega, porque a coloca em alto relevo. Ela é uma virtude que precisa ser mais do que desejada, ela precisa ser buscada. O imperativo apostólico não a coloca como uma verdade opcional, mas como uma doutrina central da vida cristã. Ela não faz seleção quanto a classe específica de crente ou faixa etária, mas todo discípulo de Cristo deve se vestir da roupa da humildade.
O apóstolo Pedro, âncora do colegiado apostólico, quando instrui os presbíteros como pastorear a igreja de Cristo, bem como, sobre a maneira como os jovens devem se relacionar com os mais velhos, também falando a todos da família da fé (1Pe 5. 1-5), diz: “porque Deus resiste aos soberbos, contudo, os humildes concede a sua graça”. Observe que o apóstolo ordena a todos os cristãos a se cingirem com o avental da humildade. Pedro usa a metáfora de vestir uma roupa. A figura usada pelo apóstolo diz respeito ao que o escravo colocava para servir o seu senhor. O modo como você tem vivido sinaliza o tipo de roupa que tem vestido. O seu comportamento pode apontar se você tem sido arrogante ou humilde.
Ainda é preciso dizer que naquela cultura, o avental era uma marca cultural que distinguia os escravos. A palavra traz a ideia de uma faixa que era amarrada com um nó bem apertado, para não cair, porque se caísse seria um vexame. O servo de Cristo precisa adornar a sua vida com a humildade. A propósito, você é uma pessoa humilde? Cuidado, porque Deus se coloca no caminho daquele que é arrogante. Deus se opõe ativamente àquele que adorna a sua vida com a roupa do orgulho. Prepotência não combina com aquele que professa ser discípulo do Senhor Jesus.
O evangelista norte-americano Dwight L Moddy disse certa feita: “um homem pode fingir que ama, pode fingir ter fé, pode fingir ter esperança, mas dificilmente fingirá ter humildade.” O bispo de Hipona, santo Agostinho, por sua vez disse que: “a humildade é o vaso de todas as demais graças.” Diríamos então, que a humildade é o recipiente de todas as graças. O teólogo anglicano, John Stott disse que: “Em cada estágio de nosso desenvolvimento cristão, e em cada esfera de nosso discipulado, o orgulho é o nosso maior inimigo e a humildade, a nossa maior amiga”.
Por fim, é a palavra de Deus que diz em alto e bom som: “outrossim, no trato de uns como os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (1Pe 5. 5). A palavra demanda rapidez e urgência. Vista-se agora mesmo da roupa da humildade. Não postergue mais, coloque o avental de servo de Cristo. E que os nossos relacionamentos sejam distinguidos pela humildade, em o nome do Senhor Jesus.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano
Igreja Presbiteriana do Guará II
